Da Luta à Celebração: A trajetória do Dia Internacional da Mulher

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Em meio às construções sociais que perpetuam a subordinação feminina, um fenômeno amplamente explorado por Simone de Beauvoir em “O Segundo Sexo”, a trajetória do Dia Internacional da Mulher, oferece um palco para examinarmos as conquistas, desafios e, sobretudo, para reafirmarmos a luta pela igualdade de gênero.

Neste mesmo livro citado acima, não há explicitamente uma questão de diferenciação de gênero, mas há uma frase que é o pontapé para falar sobre o tema. Ela fala algo do tipo: “a gente não nasce mulher, a gente se torna mulher”, que tem a ver com a questão de ocupação e papéis sociais que foram impostos principalmente no início da Segunda Revolução Industrial, mas a questão de gênero já está presente desde a invasão ao Brasil em 1500.

Um olhar para a saúde mental da mulher

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As dificuldades ainda hoje enfrentadas por mulheres, tem suas raízes na educação, onde estereótipos de gênero são insinuados. Desde a infância, meninas são guiadas por padrões que basicamente as predestinam a papéis de fragilidade e dependência. Brinquedos, vestimentas, cores e comportamentos devem seguir um padrão, estabelecendo alicerces que moldarão toda uma vida.

Em decorrência disso, as mulheres frequentemente enfrentam desafios específicos em relação à saúde mental, muitos dos quais estão interligados às construções sociais e às expectativas tradicionais de gênero. O peso dessas questões pode moldar significativamente suas vidas, impactando não apenas a esfera emocional, mas também repercutindo nas responsabilidades diárias.

Um dos principais problemas é a pressão constante para se adequar a padrões irreais de beleza e comportamento, alimentando a ansiedade em relação à imagem corporal. A sociedade, por vezes implacável, impõe às mulheres um fardo emocional ao vincular seu valor à aparência, o que pode levar a distúrbios alimentares e baixa autoestima.

Além disso, a expectativa de conciliar múltiplos papéis, como o profissional e o doméstico, frequentemente sobrecarrega as mulheres. A dupla jornada, na qual muitas vezes desempenham um papel significativo nas tarefas domésticas e no cuidado com os filhos, pode gerar estresse crônico, exaustão e impactar negativamente a saúde mental.

A questão da maternidade, embora enriquecedora, também traz consigo desafios únicos. Mulheres muitas vezes enfrentam pressões sociais e autoimpostas para atender a padrões ideais de maternidade, gerando ansiedade em relação ao desempenho parental e uma sobrecarga emocional.

A disparidade salarial e a persistência de obstáculos profissionais podem ser fontes adicionais de estresse para as mulheres, influenciando diretamente sua saúde mental. A luta pela igualdade no ambiente de trabalho, muitas vezes, coloca as mulheres em situações de maior vulnerabilidade emocional.

Desta forma, a sobrecarga emocional e as expectativas sociais podem contribuir para taxas mais altas de depressão e ansiedade entre as mulheres e o estigma associado às questões de saúde mental, por vezes, impede que busquem ajuda, exacerbando os desafios que enfrentam.

O legado do Dia Internacional da Mulher

Em meio a todas as pressões vividas pelas mulheres que emergiram no decorrer da história uma jornada de resistência e conquistas ao longo do tempo. O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, vai além de uma mera data no calendário; é um tributo à força e resiliência feminina, uma homenagem aos passos corajosos que moldaram o presente e inspiram o futuro.

O início desse movimento teve início no século XX, quando mulheres ao redor do mundo uniram-se em prol da igualdade de direitos. Dos pedidos por melhores condições de trabalho à participação política, essas mulheres desafiaram normas sociais da época.

A trágica greve das operárias têxteis em 1857, em Nova Iorque, é muitas vezes citada como um marco inicial para a luta feminina por direitos trabalhistas.

Em 1910, na Dinamarca, Clara Zetkin propôs O Dia Internacional da Mulher, durante o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, porém somente em 1975, que o Dia Internacional da Mulher foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Aqui no Brasil, nas primeiras décadas deste século, uma líder sufragista chamada Berta Lutz, reuniu um grupo de mulheres para reivindicarem o voto feminino, que foi concedido em 1933, mas só foi posto em prática em 1945. Estes e tantos outros exemplos de luta por melhores condições de trabalho e direitos foram realizados ao longo do tempo.

Do passado ao presente

Hoje, o Dia Internacional da Mulher transcende suas origens, assumindo uma importância vital na era contemporânea. É uma oportunidade não apenas para celebrar as conquistas, mas também para refletir sobre os desafios persistentes. A busca contínua por equidade salarial, o combate à violência de gênero e a promoção da representatividade feminina em todas as esferas são pautas que ecoam nesse dia significativo.

Em suma, as mulheres frequentemente carregam um fardo emocional considerável devido às expectativas sociais e às desigualdades de gênero. Nessa jornada, a resistência das mulheres, expressa através de movimentos feministas, por exemplo, desenha um arco temporal que contempla o presente. Por isso, o Dia Internacional da Mulher não é apenas um marco, mas um compromisso coletivo, um chamado à reflexão e ação contínua. É um convite para que cada um de nós, independentemente do gênero, se engaje na construção de uma sociedade mais igualitária.

Deixamos aqui um documentário sobre as ondas feministas:
She’s Beautiful When She’s Angry – Legendado Portugues

 

Autores: Thaina Souza e Cleiton Cardoso

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