Continuando a série explicando sobre emoções, hoje vamos falar sobre tristeza. Muitas vezes tida como uma emoção ruim, a tristeza tem um papel significativo na nossa vida e irei explicar um pouquinho de como ela pode ter um impacto positivo no nosso dia a dia.
Relembrando sobre emoções
Se você já leu algum dos outros textos que eu escrevi, provavelmente vai lembrar que sempre coloco que emoções não são boas ou ruins, mas que elas têm uma função e é importante a gente entrar em contato com o que sente para lidar com a situação com a qual a gente está passando.
Quando falamos de tristeza, ela é extremamente importante, com o resultado bom ou ruim dependendo das nossas ações e uma variedade de contextos que podem nos levar a um desfecho positivo ou negativo.
Tentando clarear um pouco para sair dessa explicação mais técnica, além de aproveitar a onda do filme Divertida Mente, quando a gente tenta ignorar ou suprimir alguma emoção, elas deixam um “buraco” e podem fazer colapsar a forma como a gente sente as coisas. Tentar excluir uma emoção da nossa vida para gerar simplesmente uma outra, pode fazer a gente entrar em uma espiral de sofrimento.
Tristeza serve para a gente refletir
Sabendo que todas as emoções têm uma função, sentir tristeza é extremamente importante, pois faz a gente parar e repensar alguma coisa que aconteceu com a gente, ou repensar algo que a gente fez.
Pensando em um exemplo, vamos imaginar que uma pessoa sem querer prejudica um trabalho feito por alguém querido. Para que essa pessoa sentiria tristeza? Perceba que não usei o “por que?”. A tristeza teria a função de olhar para si e parar, refletir sobre as ações e isso pode gerar um aprendizado a longo prazo.
Uma pessoa ficar triste após o time para o qual ela torce perder a final do campeonato também é um momento de pausa e olhar para si, de causar reflexão e evitar ações impulsivas. Outras coisas do nosso dia a dia podem nos deixar tristes, e por isso precisamos sentir, entrar em contato com a emoção e entrar em um estado de validação do que está sentindo.
Consequências de evitar a tristeza
Pegando os exemplos dados, caso uma pessoa evite sentir tristeza após a perda de um campeonato, ela pode expressar o que sente de outras maneiras, como fazer ataques violentos contra outras pessoas, entrar em um estado de positividade que se torna tóxica ou mesmo ter comportamentos que vão prejudicar a própria pessoa.
Outro fator que é prejudicial em não entrar em contato com a tristeza é de não ter aquela reflexão tão importante para lidar com as situações que a gente está passando.
Imagina o seguinte cenário: como seria o mundo caso as pessoas não sentissem tristeza, onde todo mundo faz coisas e não reflete sobre suas próprias ações? Talvez fosse um mundo muito difícil de conviver com qualquer pessoa e teríamos ainda mais problemas do que temos de relacionamento.
Existe um limite para sentir tristeza?
Quando falamos em limite, vai entrar em algo muito subjetivo. Por quanto tempo é normal ficar triste após perder uma pessoa que a gente ama? Isso é extremamente difícil de ser respondido, com no máximo conseguindo estabelecer algumas médias de tempo em que as pessoas ficam tristes por situações como essas.
Um sinal de alerta é quando a gente entra em contato com a tristeza, reflete sobre o que está acontecendo e essa reflexão não se torna ação. Curiosamente muitas pessoas pulam a parte da reflexão e partem direto para a ação, que é também prejudicial, mas quando a gente reflete e não sai do campo da reflexão a gente deixa de viver o momento presente.
Tristeza, sofrimento e dor não são as mesmas coisas
Tristeza é uma emoção, que pode gerar um sentimento específico, que vão perpetuar determinados pensamentos sobre a situação vivida e isso pode prender a pessoa em um estado de sofrimento de longa duração.
Onde entra a dor nesse meio? A dor está em situações que a gente não consegue controlar do nosso dia a dia e ela vai ser experienciada de alguma forma. E isso quebra aquele mito que evitar tristeza evita dor ou evitar a dor evita tristeza. Tristeza tem a sua função e a dor faz parte do viver e estar no mundo, então a gente aprende a lidar com as dores que aparecem no nosso dia a dia para no fim viver uma vida completa e com todas as suas complexidades que ela pode oferecer.